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Brasil Sustentável
Economia e Meio Ambiente no Brasil
          A palavra da moda atualmente é sustentabilidade. Em todos os setores, seja no meio ambiente, na economia, educação ou administração pública, todo mundo cita o termo sustentabilidade. E o que significa sustentabilidade? O que é ser sustentável? Teoricamente o termo “sustentável” tem origem do Latim: “sustentare”, que significa sustentar, favorecer e conservar.
          Mundialmente a palavra susutentabilidade começou a ser propagada a partir da realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano – United Nations Conference on the Human Environment (UNCHE), em junho de 1972, em Estocolmo. A partir deste evento, que foi o primeiro encontro mundial promovido com o objetivo de discutir assuntos relacionados ao meio ambiente e soluções para a preservação da humanidade, o conceito de sustentabilidade passou a ganhar uma maior importância. No Brasil, a expressão “sustentabilidade”, ganhou dimensões maiores após a realização da Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO), em 1992, no Rio de Janeiro.
          Na prática, a sustentabilidade está definida como a capacidade que o indivíduo ou um grupo de pessoas tem em se manterem dentro de um ambiente sem causar impactos a esse ambiente. Mas apesar da sustentabilidade estar associada diretamente ao meio ambiente e a tudo o que envolve este, não está limitada somente a esta área. A sustentabilidade também está relacionada a outros setores da sociedade como a economia, a educação e a cultura. A sustentabilidade está diretamente ligada ao desenvolvimento de vários setores da sociedade, sem que estes agridam o meio ambiente. É através da sustentabilidade que os recursos naturais são utilizados de forma inteligente e são preservados para as gerações futuras. Sustentabilidade é isto, é saber suprir as necessidades presentes sem interferir nas gerações futuras. Um conceito correto e amplo de sustentabilidade está associado a soluções, caminhos e planos que busquem resgatar adoções de práticas sustentáveis na vida de cada pessoa e atinjam uma melhora comum a todos. Contribuir com nossas vivências e experiências pessoais e repassar estas ao coletivo, é um fator decisivo para possibilitar a prática da sustentabilidade. A adoção de práticas sustentáveis resulta a médio e longo prazo numa nova perspectiva de vida para nossos sucessores e lhes garantirão a manutenção dos recursos naturais necessários para uma melhor qualidade de vida.
          A falta de conhecimento do ser humano em relação à sustentabilidade e ao que isto implica, pode ter conseqüências catastróficas. Nos dias de hoje é preciso que cada indivíduo tenha a consciência de que é necessário se preocupar e cuidar do meio ambiente no qual se vive. E para isto, é preciso estar atento a cada atitude e repensar a forma como se vive dentro deste ambiente. A continuação e sobrevivência da raça humana está totalmente dependente da conservação dos recursos naturais de nossas matas, florestas, rios, lagos e oceanos.
          Quer alguns exemplos básicos de como podemos cuidar do meio ambiente e adotar práticas sustentáveis? Veja:
– Comece em sua casa, reciclando o lixo. Separa o que é plástico, vidro e resíduo.
– Não jogue as baterias de celulares ou outros equipamentos eletrônicos no lixo. Estes equipamentos devem ser descartados em lugares específicos.
– Substitua as sacolas plásticas dos supermercados e lojas por sacolas recicláveis ou pelas feitas de papel
– Não desperdice a água ou a energia elétrica.
Reportagens:

Usina de Itaipu se torna referência na gestão de projetos sustentáveis

Segue o link: http://youtu.be/duolQYq0-Z8

FAPEAM: Relação homem e meio ambiente
Segue o link: https://www.youtube.com/watch?v=r8Y-civIh34&feature=youtu.be

Meio ambiente, sociedade e tecnologia


          A preocupação com o meio ambiente acabou por se tornar uma matéria que ganhou uma necessária evidência no cenário sócio- jurídico. Depois de muitos anos sendo considerado apenas um meio pelo qual o homem busca suprir suas necessidades pessoais, o meio ambiente vem adquirindo personalidade, o que de alguma forma lhe confere o status de pessoa dotada de dignidade, na exata proporção do bem jurídico que constitui seu objeto.
              Igualmente, a Constituição Federal de 1988 inovou ao falar sobre este tema, mostrando uma preocupação e reconhecimento para com este, dedicando um capítulo de seu texto para tratar de meio ambiente. Essa preocupação, tão em voga, modernamente, fez com que despertasse globalmente, um interesse maior por esse tema.
          Os debates e discussões científicas apontam para a necessidade de se repensar a utilização do meio de uma forma sustentável. A ideia, que no passado se tinha, de que os recursos naturais eram ilimitados foi modificada e reestruturada. Desse modo, o meio ambiente deixou de ser um modo de suprir as necessidades humanas, para ser tudo aquilo que envolve a pessoa e que com ela interaja.
               O desafio para a sociedade atual está em remodelar a própria natureza humana para repensar que o meio ambiente não é mais um mero fornecedor de matéria-prima e alimento, mas sim algo maior que carece de atenção.
Nesse sentido, ocorre um embate entre como conter o desenvolvimento tecnológico que venha a utilizar o meio ambiente como mero objeto de pesquisa e manter a evolução da ciência e economia, sem fazer com que esgotem os recursos naturais da biodiversidade. A atual meta que a sociedade tem a cumpri é a de equacionar os pilares da tecnologia, economia, meio ambiente e sociedade, de forma a harmonizar seus interesses sem que um destes se já enfraquecido.
           Desse modo, na atualidade, surge uma nova visão no qual, busca-se uma nova perspectiva de ação, que relacione homem e meio ambiente, verificando que os recursos naturais se esgotam, ou seja são finitos e que o principal agente desse quadro é o próprio ser humano. Assim, procura-se fazer um panorama de conhecimento que aponte como norte a formação de um cidadão ecológico, que tenha um pensamento sustentável.
               Com o processo e a globalização como também o estreitamento das distâncias entre nações, tem-se o aumento da interdependência entre países, tornando o mundo uma aldeia global. Destarte soma-se a isso o aumento populacional, os avanços da biotecnologia e as relações de consumo. Em decorrência disso, riscos que eram locais, também se globalizaram, afetando a todos indistintamente, o que provocou mudanças nos hábitos da sociedade, provocando uma dicotomia entre os interesses da economia e os do meio ambiente.
               Não se pode negar o fato de que o progresso, oriunda das inovações tecnológicas com ligação direta com a ciências biológicas, tem contribuído para a descoberta de muitas espécies de seres vivos, que ainda não haviam sido descobertas, como também de novos compostos derivados da fauna e da flora que podem proporcionar ao ser humano umas expectativa maior no que toca a sua longevidade de vida. Contudo atrelado a esse progresso surgem outras preocupações relacionadas com a vida humana, entre tantas as mais importantes e fundamentais são o direito a vida e a preservação do meio ambiente. Nessa lógica é que surge a polêmica discussão acerca da existência de uma efetiva proteção, como também do uso sustentável dos recursos naturais.
               Os problemas ambientais, quando se fala em sustentabilidade devem ser priorizados, devendo haver uma crescente mudança no comportamento individual e social, havendo uma reformulação nos processos de conhecimento da sociedade de modo a permitir a formação de uma consciência ambientam que permeie a execução de uma gestão ambiental visando atingir valores sociais e mudanças de comportamento.
            O comportamento humano vem sendo questionado, isso porque acorre uma modificação deste a cada catástrofe que a sociedade é submetida. A degradação ambiental não é processo visível apenas nos dias atuais. A sociedade moderna sofre hoje o impacto das novas tecnologias e desta forma vem gradativamente acelerando esse processo no decorrer da história das civilizações.
       As inferências ambientais decorrentes da ocupação dos espaços e da urbanização acontecem em níveis incomparáveis com a capacidade dos ecossistemas, o que resulta em esgotamento dos recursos naturais e, por conseguinte, a sua degradação.
               Neste sentido no que toca a legislação pátria acerca desse tema aponta José Afonso da Silva :
               “O ambientalíssimo passou a ser tema de elevada importância nas Constituições mais recentes. Entra nelas deliberadamente como direito fundamental da pessoa humana, não como simples aspecto da atribuição de órgãos ou entidades públicas, como ocorria em Constituições mais antigas. A Constituição de 1988 foi, portanto, a primeira a tratar deliberadamente da questão ambiental. Pode-se dizer que é uma Constituição eminentemente ambientalista”. (2010, p. 43)
         Assim, o direito ao ambiente equilibrado passou a gozar de integral amparo constitucional, embora a legislação infraconstitucional já expressasse uma preocupação com a normatização de questões ligadas a esse tema. A proteção ambiental em consequência disso deixa de ser considerada uma garantia de um interesse menor ou incidental, se comparado com outras normas. Neste sentido também afirma Lester R. Brown (1990), que as questões sobre a segurança do meio ambiente compartilham hoje do mesmo palco com os tradicionais assuntos econômicos e militares que sempre estiveram em cena.
Quanto ao momento propício para o debate e construção da cidadania ecológica, afirma o autor supra citado, que a oportunidade de construir  um alicerce duradouro será perdida se não aproveitarmos logo a ocasião. Assim, para nos pormos a caminho, precisamos apenas parar de resistir ao empurrão e abraçar o impulso que nos atrai rumo à construção de uma sociedade sustentável (BROWN, 1990, p. 238).
               O crescimento, mesmo que acelerado, não deve ser sinônimo de desenvolvimento. O desenvolvimento vai além, exige um equilíbrio, evita a armadilha da competitividade, a autodestruição baseada na depreciação da força de trabalho e dos recursos naturais. O pensamento deve estar articulado, também, às gerações futuras. Entende-se que o ser humano passa a se dar conta de que é preciso uma mudança radical na sua maneira de “estar no mundo”, quando sofre as consequências diretamente no planeta, passando a viver de forma mais organizada e comprometida com o seu modo de viver e de se relacionar.
Morato Leite (2011), ao desenvolver reflexões a respeito da Teoria do Risco e a sua influência no Estado e no Direito menciona que faz-se necessário demonstrar ao público que a racionalidade jurídica na esfera do ambiente ultrapassa um olhar técnico, dogmático e monodisciplinar, havendo a necessidade de se adotarem noções oriundas de outras áreas do saber, buscando com isso compreender a crise ambiental através de uma visão transdiciplinar e de um enfoque mais sociológico do risco.
Ost (1995) aborda que a crise ecológica, refere-se a desfloração sistemática das espécies animais, sem dúvida; mas, antes de mais e sobretudo, a crise da nossa representação da natureza, a crise da nossa relação com a natureza.
              Ademais, seguindo a premissa do autor supracitado, a crise ecológica sob o prisma ético jurídico, impõe a questão axiológica do que devemos fazer. Cabe ressaltar que está temática é vislumbrada a partir daproblemática cultural do vínculo e do limite. Já que enquanto não for repensada a nossa relação com a natureza e enquanto não formos capazes de descobrir o que dela nos distingue e o que a ela nos liga, os nossos esforços serão em vão, como o testemunha a tão relativa efetividade do direito ambiental e a tão modesta eficácia das políticas públicas neste domínio.
        A crise ecológica que se vive ainda na visão de Ost caracteriza-se por ser, simultaneamente, a crise do vínculo e a crise do limite. No qual como já abordado, a crise do vínculo vislumbra discernir o que liga o homem a natureza e em se tratando dos limites refere-se ao fato de discernir o que distingue um do outro.
               Nesse sentido o autor passa a ideia de que a questão ambiental na atualidade deve ser vista de uma forma dialética do vínculo e do limite, pois para ele a única forma de fazer justiça a um (homem) e outra (natureza), é tornar clara simultaneamente suas semelhanças e diferenças, através da elaboração de um saber ecológico necessariamente interdisciplinar.
               O direito ambiental por sua vez tem a tarefa de ligar os vínculos e demarcar os limites, impondo a lei e demarcando que cada coisa tem o seu lugar e que cada um tem o seu papel. Em outras palavras, precisa-se de uma consolidação de um saber ambiental para construir um pensamento crítico que seja capaz de construir uma racionalidade ambiental, que se baseie em um aporte multidisciplinar de conhecimento, desde uma epistemologia ambiental, que permita a aplicação de uma educação ambiental e o desenvolvimento de uma ecologia política Crítica.
 Nesse sentido, a construção de novos saberes baseados em uma racionalidade crítica, capaz de compreender a complexidade dos fatores que levam a formação de uma consciência ambiental é o caminho para a formação de uma cidadania ecológica, que possa garantir o equilíbrio entre a relação homem e ambiente. Diante deste contexto, a Cidadania Ambiental é permanente e comprometedora, pois significa adotar uma metodologia problematizadora, sendo sujeito de sua história e apontando caminhos. Utilizando-se da educação ambiental para refletir e transformar as atitudes em sua trajetória de maneira a ter uma melhor qualidade de vida na sua realidade e, sucessivamente, manter o ecossistema equilibrado e sustentável. (LEFF, 2004).
               De acordo com Freire (1980), somente o homem é capaz de tomar distância frente ao mundo, admirando-o ou objetivando, somente ele é capaz de agir conscientemente sobre a realidade objetivada, a práxis humana, a unidade indissolúvel entre a  ação e minha reflexão sobre o mundo.
               A conscientização desvela a realidade, ela não pode existir fora da práxis, ou seja, sem o ato ação-reflexão, constituindo de maneira permanente, o modo de ser ou de transformar o mundo que caracteriza os homens. Segundo Freire a conscientização é um compromisso histórico e consciência histórica é inserção crítica na história, implica que os homens assumam o papel de sujeitos que fazem e refazem o mundo. Uma nova realidade deve tomar-se como objeto de uma nova reflexão crítica.
             Na atualidade um dos objetivos vitais da nova geração deve ser a formação de cidadãos que atuem em favor de uma política baseada nos valores éticos e morais de uma sustentabilidade. O desenvolvimento que tem como premissa o caráter predatório dos recursos naturais em detrimento de um progresso econômico deve ser rechaçado para que não se desencadeie um aumento, ainda maior, das desigualdades socioambientais.
Ser sustentável implica em assegurar que o crescimento seja gerenciado por interlocutores e participantes sociais relevantes e ativos, formados a partir de uma educação ambiental que vise a formação de um sentimento de corresponsabilização para com o meio ambiente como também a constituição de valores éticos. O modelo de desenvolvimento vivenciado pela sociedade atual deve para isso ser desconstruído, para que se possa suprimir as atividades humanas ecologicamente predatórias, de uma sociedade tida como de risco e consumo.
               Assim a busca por essa participação social em massa é importante para que eles se tornem os locutores dos debates que definiram o destino da humanidade, no momento que se identificará os problemas, os objetivos e a soluções para a crise ambiental.
             Para Leonardo Boff existem algumas críticas a esse modelo, no qual o autor faz algumas observações acerca dos seguintes fatores: Desenvolvimento ecologicamente viável – sento uma linguagem puramente político empresarial e traz consigo uma caráter antropocêntrico, pois o ser humano encontra-se no centro como se não existisse um meio ambiente ao seu redor que também carece de cuidados Nesse sentido aponta o autor:

“É contraditório, pois desenvolvimento e sustentabilidade obedecem a lógica diferentes e que se contrapõe. O desenvolvimento, como vimos, é linear, deve ser crescente, supondo a exploração da natureza, gerando profundas desigualdades – riqueza de um lado e pobreza do outro – e privilegia a acumulação individual. Portanto, é um termo que vem do campo da economia política industrialista/capitalista.
A categoria Sustentabilidade, ao contrário, provém ao âmbito da biologia e da ecologia, cuja lógica é circular e incluem-te, Representa a tendência dos ecossistemas ao equilíbrio dinâmico, à cooperação e à co-evolução, e responde pelas interdependências de todos com todos,, garantindo a inclusão de cada um, até os mais fracos. É equivocado, porque alega como causa aquilo que é efeito. Alega que a pobreza é a principal causa da degradação ecológica. Portanto, seríamos tentados a pensar: quanto Menos pobreza, mais desenvolvimento sustentável e menos degradação, o que efetivamente não é assim.
Socialmente Justo: se há uma coisa que o atual desenvolvimento industrial/capitalista não pode dizer de si mesmo é que seja socialmente justo”. (BOFF, 2013, p. 46-48)

               Sendo assim, de acordo com o autor o modelo de desenvolvimento sustentável proposto naquele momento tinha uma fundamentação vazia e retórica, assim como o seu discurso de sustentabilidade. Esse conceito tem uma visão política que tem como objetivo tirar desviar a atenção dos reis problemas.
               Desse modo, o grande desafio é o de criar um modo sustentável de vida, no qual, a sustentabilidade vai além dos conceitos de crescimento e desenvolvimento, e de uso de recursos. Ela deve ser planetária cobrindo todos os territórios da realidade, que vão das pessoas, tomadas individualmente, às comunidades, à cultura, à política, à indústria, às cidades e particularmente ao Planeta Terra com seus ecossistemas. (BOFF, 2013)
               O ser humano ao fazer reconhecimento, real daquilo que o cerca, irá perceber que este envolvido por uma crise no qual o desequilíbrio tomou conta do que aquilo que Leonardo Boff chama de Sistema Terra e do Sistema Sociedade. Instaura-se um mal-estar cultural generalizado, com uma sensação de vulnerabilidade, no qual o ser humano está exposto a um risco eminente, onde a qualquer momento possa ocorrer uma catástrofe.
               A crise social, econômica e ambiental a qual a sociedade atual está sendo submetida alavanca resultados que projetam um quadro socioeconômico que produz alguns efeitos negativos em um contexto socioambiental, provocando assim, a diferenciação de renda entre extremos, aumento da exclusão social, aglomeramento em espaços urbanos, carência de saneamento básico, crescente produção de lixo, a degradação do meio natural, e o aquecimento global. Para se conter essa crise generalizada o ser humano deve repensar os seus atos, fazendo uma discussão interdisciplinar entre diversas áreas do saber, buscando soluções viáveis para esses diversos problemas vividos na atualidade.
         O homem nesse cenário é constituído de uma racionalidade instrumental, que primeiramente fazia relação direta com as questões econômica, visando adquirir o reconhecimento e a valoração da dignidade humana e ao meio ambiente, no sentido de se concretizar o exercício de uma sustentabilidade planetária.
            A nova visão de se pensar a questão ecológica vai além de um individualismo, reconhecendo o meio ambiente por inteiro, além dos fatores puramente natural.  Sem que se faça uma diferenciação entre homem e ambiente, não havendo a preocupação puramente superficial da arquitetura urbana. Essa nova tendência valoriza o fornecimento de saneamento básico, educação assistência social etc. A ecologia em sua forma profunda, propõe um desenvolvimento social que visa à atender as necessidades do ser humano, sem  ao mesmo tempo causar prejuízos ao planeta, como também melhorar as condições futuras enquanto humanidade.
               De acordo com o apresentado nesse construto, a teoria da sustentabilidade surge como um meio de se reconstruir os padrões de conduta humana, no que toca a sua interação com o meio ambiente. Assim, pretende-se superar o dualismo entre desenvolvimento e ambientalismo, de uma visão clássica de um discurso pré-jurídico.
Videos:

Sustentabilidade - Tecnologias Sustentáveis

Ecologia Social

Relações entre Tecnologia Ambiental e Desenvolvimento Sustentável


Meio Ambiente
Construção Sustentável

    
        Reconhecidamente, o setor da construção civil tem papel fundamental para a realização dos objetivos globais do desenvolvimento sustentável. O Conselho Internacional da Construção – CIB aponta a indústria da construção como o setor de atividades humanas que mais consome recursos naturais e utiliza energia de forma intensiva, gerando consideráveis impactos ambientais. Além dos impactos relacionados ao consumo de matéria e energia, há aqueles associados à geração de resíduos sólidos, líquidos e gasosos. Estima-se que mais de 50% dos resíduos sólidos gerados pelo conjunto das atividades humanas sejam provenientes da construção. Tais aspectos ambientais, somados à qualidade de vida que o ambiente construído proporciona, sintetizam as relações entre construção e meio ambiente.
      Na busca de minimizar os impactos ambientais provocados pela construção, surge o paradigma da construção sustentável. No âmbito da Agenda 21 para a Construção Sustentável em Países em Desenvolvimento, a construção sustentável é definida como: "um processo holístico que aspira a restauração e manutenção da harmonia entre os ambientes natural e construído, e a criação de assentamentos que afirmem a dignidade humana e encorajem a equidade econômica". No contexto do desenvolvimento sustentável, o conceito transcende a sustentabilidade ambiental, para abraçar a sustentabilidade econômica e social, que enfatiza a adição de valor à qualidade de vida dos indivíduos e das comunidades.
      Os desafios para o setor da construção são diversos, porém, em síntese, consistem na redução e otimização do consumo de materiais e energia, na redução dos resíduos gerados, na preservação do ambiente natural e na melhoria da qualidade do ambiente construído. Para tanto, recomenda-se:
  • mudança dos conceitos da arquitetura convencional na direção de projetos flexíveis com possibilidade de readequação para futuras mudanças de uso e atendimento de novas necessidades, reduzindo as demolições;
  • busca de soluções que potencializem o uso racional de energia ou de energias renováveis;
  • gestão ecológica da água;
  • redução do uso de materiais com alto impacto ambiental;
  • redução dos resíduos da construção com modulação de componentes para diminuir perdas e especificações que permitam a reutilização de materiais.
      Além disso, a construção e o gerenciamento do ambiente construído devem ser encarados dentro da perspectiva de ciclo de vida.
      As tendências atuais em relação ao tema da construção sustentável caminham em duas direções. De um lado, centros de pesquisa em tecnologias alternativas pregam o resgate de materiais e tecnologias vernáculas com o uso da terra crua, da palha, da pedra, do bambu, entre outros materiais naturais e pouco processados a serem organizados em ecovilas e comunidades alternativas. De outro lado, empresários apostam em "empreendimentos verdes", com as certificações, tanto no âmbito da edificação quanto no âmbito do urbano. No entanto, muito edifícios rotulados como verdes refletem apenas esforços para reduzir a energia incorporada e são, em muitos outros aspectos, convencionais, tanto na aparência quanto no processo construtivo. Além disso, deve-se questionar os benefícios que um selo desenvolvido para outra realidade pode trazer, especialmente para países como o Brasil que ainda não resolveram seus problemas mais básicos como pobreza e desigualdade social.
      Os governos municipais possuem grande potencial de atuação na temática das construções sustentáveis. As prefeituras podem induzir e fomentar boas práticas por meio da legislação urbanística e código de edificações, incentivos tributários e convênios com as concessionárias dos serviços públicos de água, esgotos e energia. Para contribuir com tais iniciativas, segue um conjunto de prescrições adequadas à realidade brasileira abrangendo aspectos urbanísticos e edilícios.
      Para a implantação urbana, recomenda-se: adaptação à topografia local, com redução da movimentação de terra; preservação de espécies nativas; previsão de ruas e caminhos que privilegiem o pedestre e o ciclista e contemplem a acessibilidade universal; previsão de espaços de uso comum para integração da comunidade; e, preferencialmente, de usos do solo diversificados, minimizando os deslocamentos.
      No âmbito da edificação, entende-se como essenciais: adequação do projeto ao clima do local, minimizando o consumo de energia e otimizando as condições de ventilação, iluminação e aquecimento naturais; previsão de requisitos de acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida ou, no mínimo, possibilidade de adaptação posterior; atenção para a orientação solar adequada, evitando-se a repetição do mesmo projeto em orientações diferentes; utilização de coberturas verdes; e a suspensão da construção do solo (a depender do clima).
       Na escolha dos materiais de construção: a utilização de materiais disponíveis no local, pouco processados, não tóxicos, potencialmente recicláveis, culturalmente aceitos, propícios para a autoconstrução e para a construção em regime de mutirões, com conteúdo reciclado. Além disso, deve-se evitar sempre o uso de materiais químicos prejudiciais à saúde humana ou ao meio ambiente, como amianto, CFC, HCFC, formaldeído, policloreto de vinila (PVC), tratamento de madeira com CCA, entre outros. Quanto aos resíduos da construção civil, deve-se atentar para a sua redução e disposição adequada, promovendo-se a reciclagem e reuso dos materiais.
       Com relação à energia, recomenda-se o uso do coletor solar térmico para aquecimento de água, de energia eólica para bombeamento de água e de energia solar fotovoltaica, com possibilidade de se injetar o excedente na rede pública. Sobre águas e esgoto, é interessante prever: a coleta e utilização de águas pluviais, utilização de dispositivos economizadores de água, reuso de águas, tratamento adequado de esgoto no local e, quando possível, o uso de banheiro seco.
      A respeito do tratamento das áreas externas, recomenda-se a valorização dos elementos naturais no tratamento paisagístico e o uso de espécies nativas, a destinação de espaços para produção de alimentos e compostagem de resíduos orgânicos, o uso de reciclados da construção na pavimentação e de pavimentação permeável, a previsão de passeios sombreados no verão e ensolarados no inverno.